sábado, 7 de maio de 2011

Homens x Anorexia




Em 2006, após a morte da modelo Ana Carolina Reston Macan, de 21 anos, por causa das complicações de uma anorexia nervosa, a doença chamou a atenção de todo o Brasil. Porém, ainda é comum pensar que o mal atinge apenas os bastidores de desfiles de moda e exclusivamente o sexo feminino. Mas, mesmo que a maioria das vítimas ainda seja de mulheres, a doença também faz parte do universo masculino.

A cada 10 anoréxicos, apenas um é homem. E, apesar de ser um número consideravelmente pequeno, a situação é preocupante, pois a doença - diagnosticada quando a pessoa está com um IMC (Índice de Massa Corpórea) inferior a 15 - leva a óbito cerca de 10% das pessoas que a possuem. E, claro, os mais atingidos pelas regras da beleza acabam sendo os jovens.



“Cerca de 90 % dos casos de anorexia atingem os adolescentes. Normalmente, são aqueles que têm um histórico de obesidade, auto-estima baixa e timidez”, explica o João César Soares, endocrinologista e nutrólogo da Unifesp. “Eles estão mais suscetíveis a se sentirem pressionados pelo culto à magreza”, afirma o médico.

“Em geral, o pessoal da mídia, os estilistas e as pessoas que são do meio da moda, consideram belo o magro. Mas, tem gente que possui esse biótipo, outros, não. Nós, brasileiros, temos uma estrutura latina, com quadris largos”, diz Soares, que acredita que deveríamos ter uma variedade maior de padrões de beleza para diminuir os índices da doença. “Os anoréxicos são extremamente perfeccionistas e, nos homens, a doença é mais intensa, pois eles têm mais facilidade de perder peso”, completa.



Ele chegou a pesar 35 kg


Tanta perfeição que levou N.R., 24 anos, que preferiu não ser identificado, a pesar 35 kg, mesmo tendo 1,75 m de altura. Atualmente curado, na época da doença, ele comia apenas de 200 a 300 calorias por dia. “Comecei a comprar aquelas revistas com listas de alimentos e calorias e calculava tudo o que comia. Em pouco tempo, eu emagreci muitos quilos”, diz o jovem que, aos 12 anos, passou a sentir-se pressionado por sua família a ser magro.

“Eu não queria engordar e vomitava tudo o que comia, fiz isso por oito anos. E ainda usava laxantes e diuréticos. Minha família me internou algumas vezes, mas, não entendia e só sabia falar que eu jogava dinheiro na privada”, conta N.R.. E, mesmo tendo passado por quatro internações em clínicas de transtornos alimentares, só conseguiu se curar aos 20 anos. “Me curei quando comecei a namorar, quando encontrei alguém que me amava como eu era e que se preocupava muito comigo”, completa o jovem.

O caso dele é a típica situação descrita pelo psiquiatra da Unifesp Marcelo Niel. “No início ou meio da adolescência, o jovem começa a fazer algum tipo de dieta e emagrece muito. Depois, começa a ter um comportamento obsessivo com sua alimentação”. E, além de ter esse rigor com seus hábitos alimentares, o anoréxico passa a se ver de forma bastante deturpada. “O transtorno desmórfico corporal faz com que o paciente veja uma imagem distorcida de si mesmo. Ele se vê muito mais gordo do que realmente é”.



Para Niel, “o tratamento é complexo, mas, em linhas gerais, tem bom resultado e a maioria consegue se livrar”. O médico ainda aconselha aos familiares e doentes a procurarem ajuda para se orientarem sobre o tratamento, que é multidisciplinar e que necessita de psiquiatra, nutricionista e clínico geral. “Há lugares, como o Hospital das Clínicas e a Unifesp, que disponibilizam atendimento e tratamento gratuito”...

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Pequenos Depoimentos



"Essa semana tem tudo para ser um inferno, porque já começou mal. Fui procurar uma roupa decente para vestir... Nossa, vocês não podem imaginar a CENA da gorda aqui tentando entrar em uma calça 36, deitada na cama, prendendo a respiração, encolhendo a barriga...Estou com a maldita calça até agora, cheia de marcas e morrendo de desconforto, mas é muito bom pra me lembrar que eu sou uma porca gorda que não entra em uma calça 36."

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Outra jovem revela:

"Tem horas que penso que não passo de uma garota estúpida que tudo que quer na vida é emagrecer. Nem faço ideia de onde foi parar o resto dos meus sonhos. Nada na minha vida faz sentido. Tudo que eu tinha eram meus amigos, de quem eu me afastei por vergonha de ser uma gorda inútil e fracassada. A 'Ana', que me fazia forte, mas há muito já se foi por incopetência minha. Só me restam meus pais, mas a filha deles é uma gorda inútil e fracassada."

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"Luto todos os dias para ser magra e não alcanço nenhum resultado satisfatório. Porém, minha mãe anda preocupada comigo. Acha que estou muito magra. Que magreza, vocês devem se perguntar, mas considerando altura, peso, idade e blá, eu tenho um peso normal. Mas isso nunca será suficiente pra mim."



Direito autorais: http://oglobo.globo.com/saude/vivermelhor/mat/2007/01/25/287554476.asp

domingo, 1 de maio de 2011

Depoimento

- Meu nome?  Não precisa saber, questão que o blog é visualizado por 'n' pessoas, e eu tenho fake justamente pra não saberem quem eu sou, como todas as minhas amigas ana/mia.

Parando de encher linguiça,
Minha história é a seguinte, em março de 2008, estava eu no colégio, quando a professora de Português manda abrir o livro, na página tal, e era um texto sobre ANOREXIA, e nele dizia que elas criam orkuts onde se comunicam e se apoiam..

Eu nunca fui magrinha, e sempre insatisfeita com esse monte de banha e pernas, e resolvi criar um fake ana/mia, e me interagir, pra mim foi muito boom. Muito mesmo.! E de 65 kg, passei pra 42 kg, mais acontece que minha temperatura foi pra 35°, fui pro hospital, meus irmãos descobriram tudo, e contaram pra meus pais, e tive que ser acompanhada por psiquiatra e nutricionista, FATO: engordei 32 kgs, e ODEEEIO a vida por isso, antes eu era magra, e feliiz, e hoje ? uma BALEEIA, totalmente infeliz, e então essa semana, resolvi voltar, de 74 kg. Quarta-feira me pesei, e estava com 71.8 kgs, emagrecendo e feliiz, não adianta me mandarem parar, mesmo que eu morra, morrer magra, seria orgulho e satisfação!



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Fonte: depoimento retirado do blog: http://garota-devidro.blogspot.com

Agardeço a dona do blog pela total confiança.



Colaborador: Aline.

Depoimento

Tenho 20 anos e moro em Belo Horizonte - MG.

Não sei ao certo quando comecei com a doença. Desde pequena sempre me senti diferente, gordinha. Tinha vergonha de usar short e vestidos curtos. Isso passou por um tempo. Aos 12 eu já tinha um corpo bonito, diferente das outras meninas, e a sensação de ser mais bonita ajuda a manter a neura longe. Só que isso mudou com o tempo também. Comecei a me sentir feia, mal comigo mesma. Olhava no espelho e via uma imagem de uma adolescente gordinha, com espinhas e aparelhos nos dentes. As minhas amigas já tinham passado essa fase, estavam bonitas, magras. E eu voltei a ter vergonha de tudo. Saía só de calça jeans e camiseta, blusa de frio sempre que possível. Não queria me mostrar, não queria aparecer pra ninguém. Procurava dietas em todas as revistas e comecei a admirar cada vez mais as modelos, magras, lindas, perfeitas. Eram o que eu queria ser. Então eu resolvi buscar isso, custasse o que custasse.

Com 17 anos cheguei a pesar 45kg, e minha mãe, meu namorado e minhas amigas começaram a se preocupar mais do que o normal. O que antes parecia só uma brincadeira, o papo de menina que quer fazer dieta e emagrecer, estava ficando sério. Eu olhava no espelho e já sorria pra mim mesma, via ossos aparecendo por toda parte e isso era uma vitória, mas ainda não era suficiente. Comecei a reduzir ainda mais o que comia, uma refeição no dia com calorias contadas era o que eu precisava pra alcançar os objetivos. Não queria mais sair para restaurantes ou barzinhos, não queria comer nada que fosse parar em qualquer lugar do meu corpo. E toda essa luta acabou se tornando uma gastrite. Não contei pra ninguém sobre as dores no estômago, sobre a azia, sobre a falta de vontade de comer. Com o tempo fui vencida pela força dos outros, fiz o tratamento pra gastrite e acabei engordando 12 quilos e isso foi o fim pra mim. Subia na balança todos os dias e via a marca de 57kg me aterrorizar. Chorava todos os dias, não queria novamente usar roupas que mostrassem o desastre ambulante que eu era. A neura voltou, com tudo, mais forte do que nunca.
Cheguei a tomar 11 comprimidos de laxante todos os fins de semana. Passei dias tomando água, se sentia tontura ou dores de cabeça mascava um Trident. Driblava todos no serviço, em casa, na aula. “Já comi” era a mentira mais usada na época. O total de refeição dos meus dias não podiam passar de 60kcal, se passasse era motivo de descontrole: choro, vômitos, laxantes. Um caderninho com dietas e fotos de “Thinspos” (thin + inspiration = thinspiration: inspiração magra) andava na minha bolsa. Nesse mesmo caderninho eu contava todas as calorias que ingeria. Estava conseguindo emagrecer de novo, todo o esforço estava valendo a pena. Porém o esforço trouxe novas complicações: a gastrite piorou, os refluxos aumentaram por causa dos vômitos, tive problemas no intestino por causa dos laxantes, tive anemia pela falta de nutrientes. Meu organismo já não trabalhava como devia.

A depressão veio sem que eu percebesse e de repente me vi isolada de tudo e de todos: brigas constantes em casa, namoro em risco e amizades também. Nada disso era suficiente pra me fazer parar. Continuei até que minha mãe voltasse a perceber tudo, encontrou os laxantes, descobriu meu blog, e fez da minha vida controlada o inferno. Fui em todos os médicos possíveis, fiz todos os exames e tentei o tratamento com psicólogo. Segui todos os tratamentos, contra minha vontade, menos o psicólogo, que rejeitei na segunda consulta.

Não sei dizer como caiu a ficha de como eu me prejudiquei com as minhas neuras. Comecei a ler livros sobre anorexia e bulimia e vi que estava matando a mim mesma. Com o tempo, com o apoio da minha mãe, das minhas amigas e do meu namorado consegui perceber que precisava me controlar. Hoje, peso 51kg e meço 1.62m. Ainda não me sinto bem, ainda quero emagrecer. Mas hoje eu tenho consciência do risco que eu corri. Às vezes ainda perco o controle. Às vezes me pego abraçada com o vaso sanitário botando tudo que comi pra fora, a tabela de calorias está decorada na cabeça e ainda tenho os comprimidos de laxante aqui.

Percebi que a anorexia mora aqui dentro. É impossível ela sair, Anna, minha amiga ou inimiga? Só que hoje sou mais forte que ela. Não quero que ela me domine. Não quero mais ser doente, não quero sofrer mais.

Levo uma vida de altos e baixos. Desejos contra vontades. Sonhos contra realidade. Quero ser magra, mas quero ser saudável. Quero ter minha vida, feliz. Quero me sentir bem.

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Agradeço desde já a essa menina tão incrivel, que permitiu que postássemos teu depoimento.


Colaborador: Aline.

Drunkoxeria



O termo “Drunkorexia” foi criado nos Estados Unidos para definir o alcoolismo associado à anorexia e outros distúrbios alimentares. As mulheres são as mais afetadas por este transtorno.

"A pessoa bebe em grande quantidade para ficar anestesiada e perder o apetite."

A drunkorexia se manifesta não só na anorexia nervosa como na bulimia, onde a pessoa come demais e depois usa o álcool para provocar o vômito.

Esse é realmente o corpo perfeito?


Recomendações

x Às vezes, os familiares só se dão conta do que está acontecendo quando, por acaso, surpreendem a (o) paciente com pouca roupa e vêem seu corpo esquelético, transfomado em pele e osso. Nesse caso, é urgente procurar atendimento médico especializado.

x O ideal de beleza que a sociedade e os meios de comunicação impõem está associado à magreza absoluta. É preciso olhar para esses apelos com espírito crítico e bom senso e não se deixar levar pela mensagem enganosa que possam expressar.

x A faixa etária está baixando nos casos de anorexia. A família precisa observar, especialmente, as meninas que disfarçam o emagrecimento usando roupas largas e se recusam a participar das refeições em casa.

A anorexia na história

Na Idade Média as anoréxicas procuravam a comunhão com Deus.

A adolescente italiana Catarina Benincasa, filha de um artesão da Toscana, não conseguia mais comer. Magérrima e extremamente pálida, ingeria por dia um pedaço de pão com ervas cruas. Às vezes, o estômago não suportava nem esse pouco e ela vomitava. Catarina não era obcecada por um corpo esbelto. Longe disso – estava se lixando para a beleza física. Mais tarde, ficou conhecida como Santa Catarina de Sena (1347-1380). E virou uma das jejuadoras mais ilustres da história.
Por toda a Idade Média, centenas de moças, como Catarina, deixaram de comer para sofrer como Jesus Cristo. Caso, por exemplo, das mulheres que ficaram conhecidas como Santa Clara de Assis (1193-1253) e Santa Rosa de Lima (1586-1617), esta última peruana. Só assim acreditavam entrar em comunhão com Deus.

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Segundo a psicanalista Cybelle Weinberg e o psiquiatra Táki Cordás, autores do livro Do Altar às Passarelas – Da Anorexia Santa à Anorexia Nervosa, depois da Idade Média a Igreja começou a ver com maus olhos os casos das santas jejuadoras – poderia ser possessão diabólica, e não santidade – e o hábito caiu em desuso.
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Se na Idade Média o motivo era religioso, hoje, no entanto, homens e mulheres param de se alimentar afim de obter um corpo ' perfeito '.



Fontes: http://maniadehistoria.wordpress.com/2010/05/18/a-anorexia-na-historia/; Álvaro Oppermann.

Anorexia Nervosa

O que é?

É um transtorno alimentar no qual a busca implacável por magreza leva a pessoa a recorrer a estratégias para perda de peso, como exagerar na atividade física, jejuar, induzir o vômito, tomar laxantes e diuréticos. Ela se manifesta principalmente em mulheres jovens, entre 12 a 19 anos, embora sua incidência esteja aumentando também em homens. Às vezes, os pacientes anoréticos chegam rapidamente à caquexia, um grau extremo da desnutrição e o índice de mortalidade chega a atingir 15% a 20% dos casos.

Causas


Em 70% dos casos, há predisposição genética. Contribuem ainda a chamada cultura da "Beleza Magra", a pressão da família e do grupo social e o estímulo à busca do corpo ideal.

Sintomas

Queda de cabelo e da temperatura do corpo; 
Ressecamento das unhas;
Perda de tecidos ósseos e irregularidades cardíacas.
Nas mulheres, a doença pode desencadear interrupção do ciclo mentrual e infertilidade.

Há também sinais mais visíveis

x Não se alimentar na frente de outras pessoas. Geralmente diz que já comeu.

x Mesmo muito magra, age como se estivesse sob dieta, controlando as calorias dos alimentos que ingere e revelando medo excessivo de engordar.

x Dissimula a aparência, usando roupas folgadas e penteados que escondem a proeminência das maças do rosto.

x Afasta-se das pessoas, tornando-se desconfiada e agressiva.

E os menos visíveis

x Vômitos após as refeições; Visitas sistemáticas e demoradas ao banheiro depois de comer podem denunciar a prática.

x Uso de laxantes e diuréticos; Queixas de cólicas abdominais e descontrole intestinal dão os sinais.


Fontes: http://www.hc.fmb.unesp.br/nutricao/anorexia_nervosa.php; Marco Antonio de Tommaso, psicólogo e membro da Associação Brasileira para Estudos sobre a Obesidade.